“Xeque-Mate” da Ali Hazelwood: uma resenha sincerona

Se tem uma coisa que eu sei é que, quando quero um clichê que deixa o coração quentinho, Ali Hazelwood nunca decepciona. Além disso, ela une duas das minhas paixões: romance e ciência! Agora, imagine a minha surpresa – não só minha, na verdade – quando, desta vez, Ali trouxe xadrez para o centro da trama. E, claro, do jeitinho que só ela sabe fazer…

Contexto

A trama gira em torno de Mallory, uma garota de 18 anos com um talento extraordinário para o xadrez – uma vibe bem “O gambito da Rainha” mesmo, sabe? Após um evento traumático, ela abandona o jogo e vive carregando o peso da culpa pela morte do pai.

Esse fardo a transforma em uma jovem cheia de responsabilidades que ela mesma assumiu, distante emocionalmente e hesitante em encarar desafios – talvez eu até me identifique um pouco com ela, cabeça dura demais pra pedir ajuda, meio fechada, tentando carregar o mundo nas costas, e depois descobrindo que pedir ajuda, na verdade, pode ser muito menos assustador do que a gente pensa.

Tudo muda quando sua melhor amiga, Easton, quase a obriga a participar de um campeonato de xadrez – por uma boa causa, o dinheiro será doado para causas beneficentes, e a busca pela cura da intolerância a glúten *piadinha que faz sentido no livro*.

Mallory não joga há quatro anos, e o que a afastou do tabuleiro ainda é um mistério nesse momento da história, porque nós sabemos que ela tinha tudo pra ser um prodígio, o caminho que ela trilhava quando era menor, não era pra ter tido um final tão abrupto.

Relutante, ela finalmente cede — e acaba enfrentando Nolan Sawyer, o melhor jogador do mundo. O que ninguém esperava? Mallory vence a partida.

E é aí que a vida de Mal vira de cabeça pra baixo.

Desenvolvimento da História e dos Personagens

Essa é o primeiro livro da Ali que eu leio em que a personagem age totalmente conforme a idade. Mallory tem só dezoito anos e acabou puxando responsabilidades demais para si mesma, isso faz com que sua vida seja cercada por dramas – alguns que eu acho que não fazem muito sentido, e que poderiam ser resolvidos facilmente? Sim, mas quem sou eu pra julgar, né? Nessa idade eu também achava que daria conta de tudo.

O luto pelo pai – aliado com uma culpa que não sabemos porque ela carrega -e a responsabilidade assumida com a família moldam suas decisões sobre faculdade, carreira, suas amizades, seus relacionamentos, e até o relacionamento com suas irmãs. Devo dizer aqui, que as duas foram um ponto muito alto no livro – Darcy muito mais do que Sabrina.

Nolan é um personagem que me conquistou logo de cara – fazer o que? Gosto do tipinho que ela escreve -, ele tem a cara emburrada, o jeitão fechadão, mas quando se abre é um pequeno queridinho cheio de amor pra dar. Eu gostei que ele também tem um background que explica a forma que ele age, o que deu bastante profundidade ao personagem e não deixou seguir com o estereótipo de moreno sarcástico só “porque sim”.

O único ponto que deixou um gostinho de “quero mais” foi o final. Parece que faltou algumas páginas ali, senti que deveria ter um pouquinho mais sobre eles, no ponto de vista da Mallory, MAS, entendo o que a autora quis pro final do livro, e meu sentimento é só porque eu me apaixonei tanto pelos dois, que pareceu pouco.

Escrita da autora

Ali é conhecida por escrever livros clichês e que seguem a mesma forma, em todos eles. E sinceramente? Não me importo nem um pouco com isso, pelo contrário, eu busco nos livros dela EXATAMENTE isso.

Em Xeque Mate, ela mantém sua fórmula vencedora e aborda temas importantes como o machismo no mundo do xadrez, destacando como as mulheres enfrentam desafios adicionais para se sobressaírem em um esporte dominado por homens.

Além disso, a autora traz representatividade ao incluir uma personagem bissexual e apresenta um protagonista masculino virgem, lidando com isso de forma extremamente confiante e normal, sem transformar sua experiência em um estigma. Pelo contrário, Nolan Sawyer é seguro de si, e o fato de sua virgindade não ser tratada como um problema foi um ponto muito legal da história.

Minhas impressões

Gostei muito do livro, embora não seja meu favorito da autora — e acredito que isso se deve ao fato de Xeque Mate ser talvez sua primeira obra voltada para o público infantojuvenil. É importante entender a proposta e o público-alvo antes de mergulhar com expectativas desalinhadas.

Ainda assim, o livro entrega tudo o que Ali Hazelwood faz de melhor: uma leitura gostosa, fluida, com personagens e piadas engraçadinhas, e um romance cheio de química que fez meu coração ficar quentinho.

A ausência de cenas hot e a classificação indicativa para maiores de 15 anos tornam essa uma ótima oportunidade para leitores mais jovens experimentarem o mundo que a autora cria. Resumindo? Bom, gostosinho, deixa o coração quentinho, e eu amei ficar lendo páginas e páginas sobre xadrez.

IMPORTANTE:

Se você não gosta de xadrez ou de cenas descritivas, talvez esse livro não funcione tão bem para você. A história tem muitos momentos em que páginas e mais páginas são dedicadas às descrições dos campeonatos e de tudo o que Mallory precisa fazer para treinar e voltar à ativa depois de quatro anos sem jogar. Vi que esse ponto incomodou algumas pessoas em outras resenhas, então achei importante deixar o aviso.

  • Autora: Ali Hazelwood
  • Título: Xeque Mate
  • Idioma: Português
  • Formato: Ebook e físico
  • Número de páginas: 336 páginas
  • Editora: Arqueiro
  • Gênero: Romance contemporâneo
  • Classificação Indicativa: Maiores de 16 anos
  • Tropes no livro:
    • enemies to lovers (inimigos que se tornam amantes)
    • rivals to lovers (rivais que se tornam amantes)
    • slow burn (relacionamento que se desenvolve lentamente)
    • forced proximity (proximidade forçada)
    • fake dating (relacionamento falso)
    • grumpy x sunshine (personalidade carrancuda x personalidade otimista)
    • (Conheça mais sobre tropes aqui)

Leave a Comment

Comments

No comments yet. Why don’t you start the discussion?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *