Não sei vocês, mas eu sou cadelinha de um bom suspense, daqueles que te fazem duvidar de todo mundo e ainda assim você cai feito uma idiota no último plot twist.
Não Confie em Ninguém fez exatamente isso.
Tipo: “ah, essa aqui é inocente, certeza”, e dez páginas depois: “hum, talvez psicopata?” Foi uma montanha-russa emocional onde o cinto de segurança era feito de fita crepe.
Contexto:
Sidney Ryan é uma produtora de documentários que ficou conhecida por fazer justiça com as próprias câmeras. Literalmente: os documentários dela reabriram casos, libertaram condenados e viraram fenômenos de audiência.
Então quando Grace Sebold, presa há dez anos por um assassinato que jura não ter cometido, escreve pedindo ajuda… Sidney faz o que qualquer jornalista com sede de verdade faria: compra a passagem pro Caribe e vai ouvir a tal versão da história.
E é aí que o buraco começa a ficar beeem mais embaixo.
Grace era estudante de medicina e estava na Ilha de Santa Lúcia com o namorado, Julian, pra curtir o casamento de uma amiga. Só que o “romance tropical” termina com Julian morto, uma cena de crime estranha e uma única suspeita óbvia: Grace. Tinha jantar marcado, só os dois sabiam, e, adivinha? Foi ali mesmo que acharam o corpo. A versão da polícia é rápida, a condenação, também.
Mas agora, com o documentário no ar, e detalhe: indo ao ar ao mesmo tempo em que está sendo filmado, Sidney se propõe a recontar essa história em tempo real. E quanto mais ela investiga, mais dúvidas aparecem. Grace parece inocente? Às vezes. Às vezes não. O livro joga com isso o tempo inteiro. É como se o leitor também estivesse assistindo ao documentário: coletando pistas, criando teorias, desconfiando de todo mundo, até de si mesmo.
E aí chega uma carta anônima. Uma frase muda o jogo:
“Você está sendo enganada.”
Desenvolvimento da história e dos Personagens
Vou começar falando de Grace, porque ela foi o verdadeiro caos desse livro pra mim. Simplesmente não dava pra ter uma opinião concreta sobre ela. Era uma montanha-russa emocional do tipo:
“até que faz sentido…” → “ELA TEM QUE FICAR NA CADEIA MESMO!” → “e se eu fosse lá e tirasse ela da prisão? Tadinha, não merece isso.”
E é aí que mora o ponto alto do livro: ele te joga num limbo moral tão profundo que você começa a duvidar até do seu próprio senso de justiça. Se você é aquela amiga que sempre diz “vamos ouvir os dois lados”, você vai entender exatamente o que eu tô falando.
Agora, sobre a Sidney, nossa documentarista injustiçada: ela começa só querendo fazer um bom trabalho, mas termina em estado de paranoia nível FBI. E eu gostei muito disso. Ela realmente vai atrás das informações, enfrenta resistências, cruza fronteiras (literal e figurativamente), e mesmo com decisões baseadas em dados incertos, ela sabe a hora de recuar. Sabe? Não posso falar muito mais porque aí já entro no território perigoso dos spoilers.
Os outros personagens têm um desenvolvimento ok, nada muito aprofundado. Mas confesso que queria mais informações sobre o irmão da Grace. Senti que ele tinha potencial pra ser mais explorado, talvez até trazer mais nuances pro enredo.
Sinceramente, não posso falar muito mais sem dar spoiler, e esse é o tipo de história que você PRECISA descobrir por conta própria. Só posso dizer que teve um momento em que eu tava convicta, tipo: “achei o culpado”. E adivinha? Tava completamente errada. Mais uma vez, Donlea me fez de trouxa (com carinho).
Escrita do autor
A escrita do Donlea é direta ao ponto, sem floreios ou enrolações. Ele sabe como manter a tensão lá no alto, tem horas que você esquece que é ficção e começa a olhar pela janela pra ver se não tem uma equipe de filmagem na rua.
Minhas impressões
Eu gostei, Charlie Donlea é um dos meus queridinhos do gênero, esse não é meu livro favorito dele, mas é um dos melhores. Gostei da trama, da ideia, do enredo, tiveram alguns personagens que foram INSUPORTÁVEIS, mas tudo bem. Eu acho que os pontos óbvios desse livro são aqueles que acabam sendo porque se tornaram clichês, mas ao mesmo tempo, ele conseguiu manter bons plots ao decorrer.
Amei a ideia de ser um documentário, a motivação pra contar essa história por uma “outra” perspectiva, foi muito interessante.
Ah, e dois pontos importantes:
A arma usada no clímax? Olha… me tirou do mood completamente. Foi tipo: sério, gente? Isso? Mas beleza, respirei fundo e segui.
Agora, a última frase… eu PRECISO conversar com alguém sobre ela. Porque eu não aceito.
Pra quem é Não Confie em Ninguém?
Se você ama true crime, curte uma vibe meio Mindhunter, The Jinx ou Only Murders in the Building versão dark, esse livro vai te pegar. Também é perfeito pra quem adora desconfiar de todo mundo, criar teorias malucas e ser surpreendida.
Mas olha, se você já leu muitos suspenses e tem o radar de reviravolta afiado, pode achar algumas coisas previsíveis. Ainda assim, a construção emocional e o formato de documentário valem a experiência.