Cruzeiro do amor

Devo admitir que o que eu li nesse livro não me preparou para as dosagens ALTÍSSIMAS de fofuras e risadas que eu recebi, sinceramente, ESSE É O TIPO DE LIVRO que você quer ler quando está procurando uma coisa levinha, um romance pra tirar você da ressaca literária, mas que também tem muita representatividade. Mas vamos lá, que eu vou contar tudinho pra vocês.

Contexto

Nós temos como protagonista, Alessandro, conhecido como QueerAndro em suas redes sociais (mas que nós chamaremos de Alê), é um booktoker de sucesso que tinha um namorado bonitão (ressaltarei já que esse é o único ponto positivo desse personagem), e que acabou se tornando famoso nas redes às custas do Alê.

Acontece que, uma publicidade gigantesca apareceu como oportunidade para o Alê, que basicamente consiste em 72 horas dentro de um cruzeiro, denominado “cruzeiro do amor”, e o único ponto de requisito seria: ele ter um namorado. O que não seria um problema, certo? Errado, porque o Raul simplesmente traiu o Alê, dias antes deles embarcarem.

E é ai que começa nossa história, Alê está triste, capenga, com chifres enormes e triste porque vai ter que perder essa oportunidade, mas Melina, sua melhor amiga e também empresária, tem uma ideia, e essa ideia se chama: Benício.

Benício é um mineiro que é ator, mas está desempregado e todos os testes dele são completamente ruins, ele está quase desistindo de ficar em São Paulo, mas com a situação de Alê, Melina pensa que talvez ele possa ser um… pasmem, namorado de mentirinha do Alê. Seriam dois coelhos com uma caixa d’água cajadada só, certo? O Alê conseguiria continuar com a publi, e Benício teria, teoricamente, um trabalho.

E assim é feito. E nós temos aqui, um prato cheio pros amantes de romance, já que nesse livro, encontraremos as tropes: found family, fake dating, one bed trope e, teoricamente, namoro por conveniência.

(Clique aqui caso você queira conhecer mais sobre as tropes).

Desenvolvimento da História e Personagens

Nós temos, a partir do momento em que os dois entram no cruzeiro, um desenvolvimento muito legal, porque além da descrição que me fez sentir num cruzeiro (eu nunca fui em um), nós temos um aprofundamento dos personagens, onde você conhece os lados positivos e negativos, assim como todas as dualidades que me fizeram perceber os dois como realmente seres humanos.

Esse desenvolvimento é importante pra você entender as motivações de ambos, porque tem alguns momentos, em que o autor me fez odiar o Alê, mas não foi aquele ódio de coração, sabe? Não foi aquela coisa que eu jamais perdoaria, tanto que, duas páginas depois eu já tinha perdoado.

O único personagem que merece nosso ódio é realmente o Raul, estamos combinados?

Escrita do Autor

Essa leitura me fez ter ainda mais certeza de que Vinicius Grossos é uma das vozes mais poderosas da literatura LGBTQIAPN+ contemporânea. Ele explora as vulnerabilidades da nossa comunidade com uma prosa leve e divertida (e, às vezes, picante, devo admitir), e seus personagens cativam o leitor de um jeito muito especial.

Os diálogos são naturais e cheios de humor, contribuindo para uma leitura fluida e envolvente; devorei o livro em um dia. E devo salientar uma coisa, que eu achei GENIAL, o Benício é autor, certo? Os capítulos dele são todos em formato de roteiro! Porque essa é a forma que ele vê a vida. Além de, uma diagramação, que evidência isso, já que a fonte também te direciona a isso, sinceramente S.E.N.S.A.C.I.O.N.A.L.

Minhas Impressões

Eu amo a escrita do Vinicius, e este livro é um presente para a nossa comunidade, perfeito para celebrar o mês do orgulho. Obrigado por isso, Vini. Acabei de ler o livro e Vinícius conseguiu, mais uma vez, me envolver e me emocionar.

Os personagens são tão cativantes, tão vivos, que me identifiquei com o Alessandro mais do que gostaria de admitir, ele traz muitos pontos importantes, tanto de dentro da comunidade, como sobre a profissão de influencer e todas as questões de lidar com a internet, como também sobre gordofobia, inseguranças com o corpo e ansiedade, tudo isso de uma forma responsável, mas também leve.

O livro foi uma experiência completa que me tirou sorrisos e alguns suspiros, eu amei e consigo ver ele se tornando um filme. Alô, Netflix! (Chame o Salazar pra dirigir esse filme, por favor).

Espero que tenham gostado dessa resenha! <3

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