“Heartlines: A Princesa e o Dragão” é uma obra nacional cativante escrita por Anna Voig M., publicada pela Astrolábio Edições. O livro apresenta uma narrativa envolvente num mundo de fantasia, que particularmente, me lembrou muito uma aventura de RPG.
Conversando com a autora, descobri que ela também gosta muito do jogo (inclusive tem uma tatuagem de um D20, um dado específico), então acabou confirmando minhas suspeitas.
Mas vamos começar a falar sobre o livro
A história começa com Calliope, uma princesa do Império Marfont, que nunca imaginou precisar fugir de casa, apesar de discordar das crenças de seus pais, principalmente por conta da amizade que tem com seu pai.
Mas Calliope não foi criada para ser uma princesa normal, mas sim para ser uma guerreira, mesmo em um mundo onde a magia é proibida e severamente punida. Seus questionamentos acerca desse tema já eram frequentes, mas aumentaram ainda mais quando descobre que possui magia.
Em um ato de coragem, decide conversar com seu pai, para questionar se anos depois da grande guerra, onde a magia tornou-se proibida, não existiria uma forma de alinhar a magia ao mundo deles, e seu pai responde em negativa, a deixando sem chão. É nesse ponto que temos a primeira grande virada na vida de Call, onde ela decide que se não pode ser ela mesma no reino, ainda que se importe muito com o povo, ela precisará fugir para viver sua própria jornada.
Em contraste, Andarill, conhecido como Andy, é o menor dragãozinho de sua ninhada. Desde cedo, ele sabia que precisaria sair de casa para superar as expectativas e provar seu valor, já que é de costume dos dragões, em uma determinada idade, escolher um “desafio”, como se fosse para atingir a maioridade. Apesar de sua fragilidade, Andy escolhe o desafio de roubar uma princesa, um feito que não é escolhido há muito tempo em sua vila. A escolha dele deixa os outros dragões impressionados, mas ele mesmo diz que não tem nada a perder, já que seus pais o abandonaram ainda quando pequeno, e que se o desafio não for cumprido, ele não “teria problemas” em deixar a vila para trás.
Depois disso, vemos Andy, *um dragão*, pela primeira vez agindo como humano, e sinceramente, essa é a MELHOR cena que eu li em tempos, porque é extremamente engraçado (e digo até, natural, na medida do possível), ver um dragão se transformando em humano, sem saber como se portar, como falar, e até como andar.

Nessa cena, ele se transforma e passa um tempinho andando de braços abertos para tentar se equilibrar, eu achei hilário.
Até porque, quando ele se transformou a primeira vez…… ele não tinha roupas… então, assim, deixo para sua imaginação a cena.
O encontro entre Calliope e Andy é o ponto de partida para uma amizade improvável, mas profundamente significativa, até porque nessa parte, eu pensei que talvez ele fosse virar um “vilão”, não que ele tivesse demonstrado algum traço disso anteriormente, mas eu pensei que a missão dele seria a coisa mais importante, sabe? Entretanto, o que acontece só me fez ficar ainda mais apaixonada por ele.
Juntos, eles aprendem que a vida não é sobre cumprir expectativas impostas, mas sim sobre criar seu próprio caminho e encontrar seu lugar no mundo. A narrativa destaca a importância da amizade, coragem, autoconhecimento e a luta pelo que é certo, mesmo que isso envolva sacrifícios. Seguindo muito a trope found family – família encontrada.
A trope “found family” se refere a um tema comum na ficção onde um grupo de personagens que não são relacionados biologicamente formam laços fortes e íntimos, muitas vezes substituindo ou complementando relações familiares tradicionais. Esses personagens podem se unir por circunstâncias compartilhadas, como aventuras, traumas passados, ou por escolha própria, e acabam se apoiando mutuamente de maneira que se assemelha a uma família. Esse trope é frequentemente utilizado em diversos gêneros, como ficção científica, fantasia, e dramas contemporâneos, explorando temas de lealdade, cuidado mútuo e conexão emocional profunda.
É por meio dessa nova jornada, que Call é levada a uma vila onde encontra Andy, que é adotado pelo dono da taverna e luta para se adaptar às interações humanas, resultando em momentos hilários.
A história também explora a resistência contra o reino, que busca capturar Calliope. A aliança entre os personagens e a descoberta de segredos mútuos fortalecem seus vínculos e trazem à tona temas de lealdade, sacrifício e a busca por um futuro melhor.
“Heartlines: A Princesa e o Dragão” é uma leitura dinâmica e rápida, repleta de aventuras mágicas e reflexões sobre tradições, pressões sociais e a importância de encontrar uma família, mesmo que não seja de sangue. A obra é uma jornada inspiradora, rica em detalhes e emoções, que promete cativar os leitores e deixar uma marca duradoura.
Um ponto interessante sobre o mundo e a magia
Há muito tempo, houve um grande conflito, pouco comentado na Cidade Imperial, e conhecido apenas pelos de sangue real. Calliope, apesar dos esforços de seus pais para esconder essa parte da história, sabia a verdade. Durante anos, enquanto criaturas mágicas andavam pelo mundo, os humanos, necessitando de mais espaço e se considerando uma raça superior, expulsaram fadas, mataram sereias e escravizaram dragões.
Os humanos nunca dominaram a magia; sua força estava na tecnologia. Magos quase não eram mencionados nos livros de história, e quando apareciam, eram rapidamente esquecidos – exilados, inúteis, escravizados. Até que um mago decidiu dar um basta. Juntando-se a um dragão, ele criou uma nova ordem mágica, fortalecida pelos magos e dragões que se uniram contra a opressão. Essa resistência deu origem a Callenhad, o Imperador de Ossos. A batalha entre os magos e o exército real foi longa e devastadora, com os grandes reis defendendo seu legado contra o Imperador de Ossos e seus aliados mágicos.
A batalha de Arqueado, antigo nome da Cidade Imperial, foi vencida pelos reis humanos, e figuras importantes como A Sombra do Norte, um mago cavaleiro de dragões, e o Grande Rei Francus Trevisan Marfont, o unificador dos reinos e antepassado de Calliope, emergiram dessa luta. Apesar da força dos dragões e magos, a aliança dos reinos prevaleceu. Francus unificou os reinos, criando o grande Império Marfont e proibiu a magia.
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Espero que tenham gostado dessa resenha! ❤
Onde encontrar o livro: Amazon (disponível no kindle unlimited), Martins Fontes, Ipê das letras, e também no instagram da autora para conseguir ele autografado.
- Editora: Astrolábio Edições; 1ª edição (28 janeiro 2023)
- Idioma: Português
- Capa comum: 468 páginas
- Dimensões: 14 x 5 x 22 cm
- Classificação indicativa: jovem adulto (entre 15 a 25 anos).